Fala-se demais!

Falar mais, para quê? Se fica sempre tudo pela metade! Usar eufemismos para não ferir sentimentos alheios? Falar, mas de olhos nos olhos, com aquela expressão que não engana, não confunde!
Como alguém que diz: “gosto de ti”, pode ser verdade mas falar não basta, tem que demonstrar. E, já que falamos, demonstrar é mais fácil que dizê-lo! Para falar é necessário um enorme dicionário, cheio de palavras e palavrões!
Querer mais que tudo isso, é muito? Não parece!

Deixemos as loucuras para os loucos! Se souberem quem de verdade é realmente louco! Se é possível distinguir um ser banal, trivial de um louco varrido, quem está mais louco? O que vive ou que finge viver? O que diz que ama, ou o que apenas ama?

Amar por inteiro, com todo o corpo e alma, a qualquer hora, a todas as horas. Confundir os corpos, misturar as almas, mesclar os pensamentos, tornar reais os sonhos por segundos. Cumprir os rituais sagrados como animais sedosos, apenas num breve instante e humanos para sempre!

Humanos seres complicados, confundem tudo, o que pensam e o que sentem, procuram a paz interna sem saber, vivem lado a lado da felicidade mas nunca a tocam. Querem sempre mais para eles, nunca repartem, nunca oferecem, criam um mundo perfeito onde querem viver, não reparam, não absorvem, não amam o mundo onde realmente vivem! Criam padrões, estereótipos, porque outro humano falou de mais, não têm a capacidade de se verem como únicos. São formigas num carreiro, geração atrás de geração, caiem nos mesmos erros, nas mesmas desgraças, acreditam nesse destino, desenhado grosseiramente em papel mata-borrão por um grafite podre!

Não falo mais, parei de escrever, de usar as palavras que vêem em dicionários! Quero muito mais! Quero tudo!
Apenas quero a expressão sincera do rosto humano!